Sim. Obviamente compactuo com movimentos construtivos que reivindicam respeito e direitos iguais para todos os gêneros. Grupos que dão voz à dor sufocada e suportada ao longo de anos por mulheres, crianças e adolescentes. Como psicanalista acompanhei histórias factuais de abusos e de violência cometidos por homens que foram devidamente denunciados e punidos. Outros não…ou, infelizmente, não como deveriam. A busca por justiça vem caminhando com a união de pessoas íntegras preocupadas com o bem estar de todos em nossa sociedade.
Contudo, gostaria de ressaltar que alguns homens têm sido vítimas de mulheres que, movidas pelo oportunismo ou por um ódio da figura masculina, denunciam abusos irreais praticados por homens públicos ou não. Um ódio que em nada difere de grupos extremistas que visam detonar bombas em pessoas inocentes, se explodirem junto, mas terem seus quinze minutos de fama. Há quem culpe e odeie os judeus, os negros, os gays, os nordestinos. Há mulheres que culpam e odeiam os homens ou algum homem.
O ódio excessivo funciona como um câncer devastando a mulher que o alimenta, podendo dominá-la quando sente-se frustrada. Um ressentimento vingativo chega a provocar tamanha turbulência em sua mente, capaz de deixá-la suscetível à perda da lucidez. Com o discernimento prejudicado esse ódio pode tomar proporções levando a mulher a eleger um parceiro casual, atual, um ex ou o marido como o culpado de seu sofrimento. Há raízes profundas e singulares para esse desfecho. Não raramente, trata-se de mulheres que sofreram sérias privações afetivas na infância. As decepções posteriores adquirem para elas um grande peso quando tocam em suas feridas de rejeição e de desamor. Uma mulher rancorosa nutre seu desejo de vingança ruminando fantasias cruéis de desmoralizar e de infringir dor ao homem eleito.
No início da psicanálise, chamou a atenção de Freud a quantidade de jovens que relatavam experiências de abuso sexual. Acreditava-se nesses relatos até o momento que um respeitável médico foi acusado por uma de suas pacientes de ter abusado dela. O constrangimento e o impacto dessa delação na vida do Dr. Breuer levou-o a sair com sua família da cidade onde moravam. Ao assumir o caso, Freud descobriu que as acusações dessa paciente e de tantas outras jovens eram decorrentes apenas de suas fantasias. Os encontros amorosos na vida adulta, partem de uma matriz inconsciente e, sem perceber, desejos, amor e ódio destinados às figuras do passado, podem ser direcionados para alguém no presente. Há uma linha tênue entre fatos e fantasias, medos e desejos, sanidade e loucura.
Atualmente, algumas pessoas criticam os contos de fadas nos quais as frágeis princesas são salvas de alguma situação difícil por um príncipe herói. No contraponto, outras estórias vêm sendo apresentadas às meninas para que se apropriem de sua força e encontrem soluções de forma independente. Percebo, porém, que o discurso de algumas mulheres que levantam essa bandeira perde a coerência frente a relatos onde as mesmas se vitimizam muito além dos fatos. Colocam-se fragilizadas quando descrevem as vivências com seu “algoz”, mas ficam possuídas por uma força sobrenatural quando se trata de acusá-los, feri-los, atacar-lhes a moral, a sua integridade e marginalizá-los. Atualmente os homens precisam “pisar em ovos” para abordar uma mulher. Há de se tomar cuidado com galanteios, convites, conquistas e até mesmo com o romantismo pois, o posicionamento extremado e exagerado de uma corrente feminista radical tem levado a distorções abusivas na interpretação de algumas mulheres frente ao comportamento dos homens – transformam elogio em assédio, relação sexual consentida em estupro, pedofilia quando a adolescente é consciente e responsável pelos seus atos. Sob a alegação de combater o machismo, muita gente toma como verdadeiras acusações levianas ou fantasiosas de estupro ou de violência que partem de mentes perversas ou perturbadas. Podem não ser!
Diante da acusação de um indivíduo ter cometido um crime, não seria prudente averiguar quem está violentando quem? Se existem provas, versões, testemunhas? Há situações que, certamente, ultrapassam a esfera jornalística e necessitam de uma leitura singular, mais atenta, menos rasa e imediatista em suas conclusões. Homens dignos vêm sofrendo acusações que falseiam perversamente a realidade, destroçando-lhes a reputação. A problemática continua mesmo quando provam sua inocência, pois as marcas permanecem, não havendo nenhuma lei que os proteja e que puna devidamente a mulher que comete uma injúria tão grave.
O filme A Caça conta a história de um professor de pré-escola que teve a sua vida devastada ao ser acusado por uma menina de abuso sexual. Há outros casos verídicos com consequências assim danosas e irreparáveis. Lembrei-me dos três casais da Escola Base que nos anos 80 foram acusados de abusarem sexualmente de crianças de quatro anos. Perderam tudo até provarem sua inocência vinte anos depois. Outras tantas acusações com esse mesmo teor devastador me tornaram no mínimo mais prudente ao emitir opiniões. Um julgamento precipitado diante de uma denúncia com tamanha gravidade pode levar, facilmente, a uma viralização injusta e destrutiva em redes e mídias sociais.
Acompanhei de perto casos assim e, por essa razão, escrevo esse artigo como um sinal de alerta para todos aqueles que pretendem ser justos em seus julgamentos frente à acusação de um crime que pode ser proveniente de uma mulher invejosa, perversa, perturbada ou mentirosa. Temos todos que manter uma atenção redobrada e considerar a possibilidade de um homem acusado ser a vítima, como o professor do filme A Caça. Portanto, antes de alguém se posicionar é fundamental ter o discernimento de quem de fato é a vítima. Acreditar instantaneamente em depoimentos de violência sexual é correr o risco de ser abusivo, de validar e compactuar com uma injustiça. Mais do que isso, essa atitude pode vir a generalizar e diluir o conceito de abuso, desviando a nossa atenção daqueles sujeitos que são de fato estupradores, pedófilos e violentos.
Espero que cidadãos de todos os gêneros fiquem unidos nessa luta contra a submissão e aos abusos dirigidos a quem quer que seja. Ser justo dá trabalho, exige pensamento. Mexeu com uma, mexeu com todas? Muito mais! Mexeu com um ser humano, mexeu com todos! E, assim, a luta pelo respeito, pela dignidade e pela justiça para todos tem que continuar.
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Por: Tere Yadid Sztokbant.
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